Estimulado pela queda dos juros, o que facilitou o financiamento e favoreceu investimentos em um setor que é considerado mais seguro em tempos de crise, o mercado imobiliário em Cuiabá reage com números positivos, registrando aumento de vendas e lançamentos, uma maneira de enfrentar com otimismo os efeitos da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Por outro lado, o isolamento social readequou as prioridades da família e morar bem passou a liderar o ranking.
Neste viés econômico, os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a importância da construção civil para a retomada do País. Enquanto a economia nacional caiu 9,7% no 2º trimestre, a construção civil caiu 5,7%.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, os efeitos da crise foram sentidos no setor, bem como em todos os outros setores, mas a retração menos intensa em relação ao conjunto da economia demonstra o esforço em manter as atividades. Os dados do emprego formal, por exemplo, revelam que o setor está acelerando o seu processo de recuperação. “Em julho, abrimos quase 42 mil novos postos de trabalho, número suficiente para recompor as perdas do primeiro semestre e ainda gerar resultado positivo”, disse em entrevista para imprensa.
Os lançamentos de imóveis se refletem na contratação de mão de obra formal, contribuindo significativamente para ajudar o Brasil a sair desta crise. Segundo o diretor presidente da Ginco Urbanismo, Julio Cesar Braz, a continuidade das atividades do setor, mesmo durante a pandemia, a baixa taxa de juros, o incremento do financiamento imobiliário contribuem para estimativas otimistas para a construção.
A queda na taxa básica de juros está entre os motivos que justificam o fato de o mercado imobiliário ter se mantido relativamente aquecido durante a pandemia. A taxa Selic definida pelo Banco Central atingiu o menor patamar da história: 2% ao ano. “Um dos reflexos disso é que financiar um imóvel ficou mais fácil. No Brasil, grande parte da população compra seu imóvel com financiamento”, explica o correspondente bancário, Vagner Marçal, que há 11 anos atuando no setor financeiro.
Vagner explica que nos últimos anos, a taxa Selic vem tendo baixa e a Caixa Econômica Federal possui linhas de créditos para que o cliente tenha um único financiamento com o banco, direcionando os valores para a quitação do terreno e construção. Especialistas apontam que a taxa básica de juros, a Selic, deve começar a subir no segundo trimestre de 2021 quando os dirigentes do Banco Central tendem a se concentrar para a meta de inflação de 2022. A autoridade monetária divulgou suas projeções para inflação de 2021, com números próximos da meta de 3,5%, tanto no cenário híbrido quanto no de referência.
Nesta perspectiva, o especialista em negócios imobiliários, Anderson Richard, pontua que as empresas no setor estão apostando em propostas que intensificam as oportunidades. “Campanhas com Taxa Zero de juros ajudam a incrementar as vendas e facilitam ainda mais para o comprador, aquecendo o mercado que se movimenta em toda a sua cadeia construtiva”, acrescenta ele. Diferente do que aconteceu na crise de julho de 2016, em que a taxa de juros para contratação de financiamento imobiliário chegava a média de 15,9%, o índice encerrou setembro com 7,6%.